quarta-feira, 25 de abril de 2007

silêncio 1

Conviviam em silêncio achando que o olhar bastava. Eram felicidades, decepções, medos e inseguranças expressos em traços alterados e na profundidade do observar. Não eram necessárias palavras. Ao menos era o que entendiam. E assim viveram durante anos em um silêncio falante, provocador. As belezas de um e outro eram admiradas e veladas com os olhos do outro fechados. Não se permitiam admirar e enxergar de fato aquilo que estava por trás do olhar. Acreditavam no silêncio em par, mas não se deram conta de que o conforto era individual. Tentaram falar, não se entenderam. Era a primeira vez que o som propagava externamente. Como uma criança que aprende a caminhar, as palavras sairam tropeçadas, tortas e arranhadas, sinal de um primeiro passo de entender a realidade de fora de si mesmos. Não se entenderam. As mensagens, tão óbvias antes, se tornaram truncadas. Os olhos, não conseguem mais admirar o outro, ainda que fechados.Verte apenas, de um par deles, água e sal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hummm... fala de seus pais?