Em um plano, caixas pretas enfileiram-se ocupando todo o espaço. Algumas abertas, outras completamente fechadas. À meia luz geram sombras, que revelam frestas e arestas entre cada cubo. Alguns estão escancardos, outros lacrados, quase todos intercalados por caixas semi-abertas de possibilidades. Algumas não têm fundo. Outras, são pouco profundas - não cabe quase nada dentro - e com estas não se pode contar. Há caixas que têm fundo falso: para arriscar. É largar ou jogar-se dentro delas para saber onde se pode parar.
Fato é que os cubos estão lá desde que nos entendemos, mas não somos capazes de vê-los por inteiro. Os que tem os olhos mais abertos conseguem enxergá-los e movimentá-los formando um desenho correto e inconstante. Outras pessoas, carentes de olhos, nem se dão conta da existência deles, que ficam lá, ao longo dos anos, parados e empoeirados.
O abre e fecha das caixas faz a vida acontecer. As movimentações, espontâneas ou forçadas, determinam caracterísitcas de cada indíviduo e modos diferentes de ação. Quanto mais caixas destravadas, maior a flexibilidade do desenho e sua capacidade de adaptar-se a cada momento.
Compassadas: Cada conjunto de cubos pretos cria seu próprio movimento de luzes, aberturas, frestas e infinitos. Associa-se, algumas vezes, a outros cubos quando seu formato é capaz de gerar novos encaixes. Aí então passamos a interligar caixas, sombras e arestas afinando as disposições... Em outros momentos, a configuração do desenho faz com que as asssociações não acrescentem. Como se o fundo de uma caixa impedisse a tampa de outra abrir. Como se uma sombra criada sobre um cubo entreaberto fizesse parecê-lo fechado. Noutra circunstância, a luz que sai de uma caixa alheia pode iluminar tantas outras dimensões inexploradas que apresenta novas caixas, até então não vistas.

quarta-feira, 18 de abril de 2007
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