15 minutos em 1 hora.
Raul já dizia na letra sobre ‘o dia em que a terra parou’. Em São Paulo o tempo parou. Ou melhor, estacionou. Não é mais possível prever quanto tempo leva para que alguém se locomova de um local a outro. A pontualidade está virando coisa para ‘inglês ver’.
Lembro de quando eu era criança e morávamos perto ao terminal da Barra Funda. O tempo era previsível. Meus avós, quando vinham do Paraná para cá ficavam aflitos com o tempo que iríamos levar de casa ao terminal. Queriam sair sempre uma hora antes, sendo que para chegar à rodoviária não se levava mais do que 10 minutos (incluindo o tempo de pôr as malas no carro). Oras, talvez eles previssem que em dezembro de 2007, mais de 10 anos depois, um trajeto que se cumpria em 10 minutos hoje se faz em 1 hora – quando não está alagado, porque aí não tem hora mesmo para chegar.
Trajetos que em geral acabam em 15 minutos podem ser agora cumpridos em mais de uma hora. Por outro lado, caminhos considerados verdadeiras viagens passaram a ser considerados rápidos, praticamente daqui-ali. Por exemplo: é mais rápido ir de São Paulo a Campinas (leva-se em torno de 1 hora) do que atravessar do Brooklin (zona sul de São Paulo) para a Casa Verde (zona Norte). Onde já se viu isso???
A noção de tempo do paulistano mudou e com isso, mudam as dimensões de espaço. Veja só: eu que me considero uma observadora da cidade me dei conta, pela primeira vez, depois de tantas horas paradas entre a zona leste e a zona norte , que essa cidade deve ser a metrópole em que há mais cabeleireiros (cheios) do mundo. São incontáveis os salões, institutos e casas de beleza para todos os bolsos e estilos que se espalham pela cidade.
Outra observação que tenho é: aqueles que moravam ao lado de grandes vias da cidade e abtes se escondiam do trânsito, perigoso, hoje se comportam como quem mora em bairros residenciais. As pessoas colocam cadeiraa na porta de casa para observar o movimento. Quando tiver oportunidade, passando pela avenida do Estado, observe que os senhores e senhoras que moram naquelas casinhas antigas sentam-se à porta de casa, com cerveja e jornal na mão – na hora do rush – para observar o ‘movimento’. Diferença básica de hoje para o passado? Hoje se observam motoboys sendo atropelados a cada esquina - a cada 15 minutos– e o trânsito antes rápido e perigoso, hoje não anda mais.
E assim, para os passageiros de ônibus, motoristas e motoboys da cidade os dias param. Pelo menos que aproveitem para descobrir uma São Paulo nova.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
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